Metafísica I - Thomas de Aquino e João Duns Scotus

Artur Júnior dos Santos Lopes

1) Esponha a concepção de Tomás de Aquino sobre a “essência” e a “existência” (ou o “ser”), a partir do opúsculo O ente e a essência.

Em Tomás de Aquino temos que essência e o ente são as coisas que intelecto concebe por primeiro. Gênero, espécie e diferença. O ente está dividido em 10 gêneros e significando verdade das proposições. No primeiro modo de ver o ente, temos a essência, pois é o que há de comum nos 10 gêneros cito “assim como a humanidade é a essência do homem e igualmente a respeito dos demais” (AQUINO, 14). A essência é o que algo é, ou é o que algo é para ser. A essência segundo Aquino é o que aglutina o gênero. Aquino analisa essência também como forma se observando os escritos de Avicena (Segundo livro da Metafísica), como Natureza levando em conta os escritos de Boécio (Sobre as duas naturezas) e na definição Aristotélica como Substância (Livro V da Metafísica).

A essência pode ser composta ou simples. No capitulo II Aquino traz as comparações mais esclarecedoras para a essência que pretende definir. O autor toma as substâncias compostas para colocar que a essência está naquilo que faz a substancia ser o que é, que a essência não pode ser localizada fora da junção de forma e matéria que compõem a essência composta. Forma e matéria são condição sine qua non para que a essência composta possa ser percebida, para ilustrar sua afirmação cita o exemplos do homem onde: corpo e alma constituem juntos a essência do homem e não pode ser analisada a essência do homem sem que estas duas características (qualidades) estejam unidas. Apresenta também a essência como a definição. “Essência é aquilo que é significado pela definição da coisa” (AQUINO, 17). Apesar de ser a matéria o principio de individuação, Aquino sustenta que ainda que individuado a quididade se universaliza na essência. Assim a essência apresentaria uma característica unívoca para tudo quanto estiver relacionado a gênero.

Para o autor existência está explicitada em tudo que é. O que é pode ser de dois modos: finito e infinito. Também aborda o ser através do que é recebido e do que simplesmente é. No que se refere ao ser, Aquino, coloca que o ser pode ser material ou imaterial.

Depreendi, em Aquino, que o Ser Imaterial precede a Essência, e o Ser que é recebido pela essência composta.

2) Que são, segundo João Duns Scotus, conceitos “transcendentais”? Quais são seus tipos? Como cada um desses tipos pode ser entendido? (sobre a metafísica, João Duns Scotus).

Em Scotus percebo o conceito de transcendentais como aqueles conceitos que não estão subordinados a categorias, são conceitos transcategoriais pois não estão relacionados à matéria.

Os transcendentais são de quatro tipos:

a) Ente enquanto transcendental (não sujeito as categorias);

b) Propriedades Convertíveis, as propriedades convertíveis podem ser entendidas sobre o aspecto de identidade que dão a idéia de Uno e diferenciação. O verdadeiro no que se refere a possibilidade de conhecermos o que algo é, e assim conseguimos saber a verdade e o bom no sentido de que é melhor ser do que não ser, ter uma característica do que não tê-la;

c) Transcendentais disjuntivos, são os transcendentais que apontam para as relações disjuntivas entre eles, como finito-infinito, finito possível e contingente, infinito necessário.

d) Perfeições puras, são os diferentes graus de perfeições sobre o aspecto qualitativo de mais perfeição e menos perfeição sobre algo que deva ter determinada característica. Um Cão tem perfeição relacionada a quanto mais participe da caninidade.

3) Questão de pesquisa: O que significa dizer que o conceito de “ente” (ou de “ser”) é “análogo”? O que significa dizer que o conceito de “ente” (ou de “ser”) é “unívoco”? Por que a diferença é importante para o entendimento da metafísica como “filosofia primeira”?

Posso perceber em Aquino que o conceito de ente análogo refere-se a impossibilidade de dizer o ente da mesma forma, com a mesma força de definição, sobre coisas que são muito diferentes. Assim, para Aquino o ente de uma arvore é diferente do ente de uma formiga. Apesar da arvore ser e da formiga ser a quididade delas é diferente, ainda que sejam de maneira muito semelhante, e embora participem em vários aspectos de entidade o ente não é o mesmo para estas duas coisas, o ente se relaciona de alguma forma. Tal conceito fica mais claro quando falamos objetivamente de coisas que relacionam-se em um escopo especifico. Pensemos no que seja medicinal. O médico é medicinal, os equipamentos cirúrgicos são medicinais, o hospital é medicinal. Embora de formas diferentes o médico, os equipamentos cirúrgicos e o hospital participam do que seja medicinal de maneira análoga, pois não são medicinais no mesmo sentido, apensar de compartilhar o que é medicinal.

Já em Scotus percebo que está se tratando de um ente de maneira unívoca, ou seja: quando falo ente, estou falando exatamente a mesma coisa sobre o que quer que seja que é. Scotus coloca o ente de forma unívoca para poder diferenciar o que existe e o que esteja ou não subordinado a categorias. Assim fica separado o que seja infinito e imaterial do que seja finito e portanto material. O que está sujeito a mudança por causa da materialidade e o que não se modifica.

A diferença se dá justamente porque Scotus deseja explicar a primeira causa, Deus, de forma filosófica e que assim possa colocar o primeiro motor como algo que não é criado e que não está subordinado as categorias, pois as categorias são exclusividade do que é material.

Porto Alegre, 27 de Novembro de 2009