Coelhinho da Páscoa: Pesach, que trazes prá mim?

Artur Júnior dos Santos Lopes

Oi pessoal!

Feliz páscoa!

Isso é o que mais tem se dito, ouvido, lido e escrito nos últimos dias. Parece que todos querem desejar algo bacana. Uns para os outros. Isso me parece bem legal. Mas o que as pessoas estão desejando umas para as outras?

Feliz páscoa!

Desejam que algo seja feliz. Mas feliz o que mesmo? Páscoa!? E o que é páscoa!?

Bom isso variou entre culturas e épocas. Seguem dois links que falam sobre estas datas com um pouco de historicidade. Nada muito profundo, mas é um começo pra quem quiser se aprofundar.

Meu interesse, verdadeiramente, é relembrar o que significam datas como a páscoa, finados, dia das mães, dos pais, etc. Vamos pular as questões comerciais que já são bastante discutidas e banalizadas.

Bueno, vamos lá: Diante da nossa pressa, nossa correria, nossa vontade de produzir e chegar a algum lugar, mesmo que não saibamos ao certo que lugar é esse que almejamos, ficamos tão absorvidos que esquecemos de algumas coisas básicas sobre nós.

Nossos relacionamentos, nossa saúde, nossa vida. Estamos muito ocupados com tudo, exceto com a gente mesmo. Datas como estas, por mais comercializadas, religiozificadas, ainda tem um fundo muito mais antropológico e portanto filosófico. Trazem consigo questionamentos.

Páscoa, vamos para o conceito, mais difundido, razo judaico-cristão: "época de transformação", judaíco, "libertação da escravidão". Pagão: boas vindas a parte do ano de fertilidade (primavera no hemisfério norte).

Não vamos tornar esta discussão religiosa.

Vamos nos concentrar nas questões que trazem consigo.

Tranformar o que? Libertar o que? Dar boas vindas a que?

Para transformar precisamos ter consciencia do que estamos transformado. Pensemos em nós mesmos. Quem somos? Quem realmente somos? Como nos relacionamos conosco? Tá tudo gostozinho, ou tem algo me incomodando? Vamos transformar?

Libertar?! Mas eu já sou livre! Todas as estruturas a minha volta não são capazes de me aprisionar. Posso ser dogmático, mas sou livre. Como diria Simone de Beauvoir: O homem é o que faz das circunstâncias que o cercam. Isso foi citado de memória, por isso pode não estar idêntico. Mas serve para mostra que nas nossas relações (Foucault) sempre perdemos liberdade. E como eu estou negociando isso? O que estou fazendo com o que tenho de mais especial? Transferindo para outros ou acontecimentos?

O que uma festa essencialmente pagã veio fazer no nosso meio? Que florecer é este de que falam? Existe um momento para o ser humano florescer? Parece que não tem hora marcada. Então por que não agora? Vamos! Levanta a bunda dessa cadeira e mova-se em direção dos seus desejos! (Vontade de potencia, NIETZSCHE).

Bueno. Depois destes pensamentos resta-me corrigir meu desejo: Feliz florescer a todos! Que possa ver em seus olhos, rostos, corpos o que pulsa em cada um. Uma luz muito especial que cada um emana. Uma luz que é única e que não pode ser deixada de lado. Invistamos em nós mesmos e em que somos. Identifiquemo-nos conosco. Sejamos o que o somos expressões únidas e vitoriosas de um universo. Aproveitemos. Deixemos nossas culpas e medos prá lá! Feliz reflorecer!

Mais:

MARCON, Maria Helena. Páscoa: festividade cristã? Acessado em Abril/2006. Disponível em: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/mundo-espirita/pascoa-festividade-crista.html

As Tradições Populares na Páscoa. Acessado em Abril/2006. Disponível em: http://www.obusilis.com/arquivos/arq042.htm

CAMUS, Marcel. Jean Paul Sartre. Acessado em Abril/2006. Disponível em: http://existencialismo.sites.uol.com.br/sartre.htm

Porto Alegre, 16 de Abril de 2006