Stuart Hall - A Subjetividade da Identidade (Resumo)

Artur Júnior dos Santos Lopes

Freud fez do inconsciente um grande repositório para tudo o que não é consciente. Também está claro em sua teoria que não há uma forma consciente de ter controle sobre o inconsciente, o que coloca é que a consciência é formada em sua maior parte pelo inconsciente. Freud coloca ainda a existência do pré-consciente, que é uma parte do inconsciente e que pode facilmente se tornar consciente.

Em Freud percebe-se que a identidade, a sexualidade, a estrutura do desejo tem fundamento em processos psíquicos e simbólicos do inconsciente, logo não estão sob o controle da consciência, e por isso não tem uma existência racional. Esta colocação acaba com a visão de uma identidade fixa e unificada que provem do “cogito, ergo sum” (penso, logo existe) de Descartes. Mas de onde surge então a idéia de uma identidade fixa? Segundo Lacan, pensador psicanalítico, começa na fase da primeira infância, mas não de forma espontânea e sim através das “complexas negociações psíquicas inconscientes” ocorridas nesta fase, onde as figuras do “Pai” e “Mãe” tem papel fundamental. Neste ponto a criança ainda não tem uma auto-imagem, tem uma identidade emprestada, como um reflexo no espelho que lhe permite perceber-se com uma identidade única.

A partir daí a criança começa a se relacionar com os sistemas simbólicos que estão fora dela, como a linguagem, cultura e a sexualidade. Os conflitos ocorridos, ou não resolvidos serão aspectos componentes da identidade do sujeito. Assim a pessoa se entende como algo unificado, assim como a criança ao espelho; mas não o é, uma vez que até mesmo os instintos reprimidos, tem uma forma inconsciente de se manifestar, não raramente contra a própria vontade consciente.

Desta maneira, verifica-se que a unidade da identidade é uma idealização do ser humano. Pois a identidade está em constante formação, é formada ao longo do tempo, não pode ser fixada, está sempre incompleta, é um processo em constante construção. Esta identidade é muito mais a forma como somos vistos do que a forma que realmente somos. A busca por esta identidade unificada deve-se a busca do ser humano por uma constante para o repouso, pela plenitude que o acomode.

Mesmo os que contestam alguns pontos da Teoria freudiana rendem-se a aspectos da formação da psique de que fala Freud. Assim está estabelecida mais uma vez a ruptura com o sujeito racional e a identidade fixa e estável.

Porto Alegre, 22 de Setembro de 2005