2016 - Para além do capital: uma visão de formação de valor humano.

Artur Júnior dos Santos Lopes

Enquanto coxinhas e petralhas se enfrentam, o sentimento é de que: nessa disputa nada muda. E a pergunta que se deve fazer é: por que nada muda entre posições diametralmente opostas?

Uma possível resposta é que nada muda, no domínio do poder por direitistas ou esquerdistas, pois o alvo deles é o mesmo: o capital e a manutenção do poder que o capital promove. Grosso modo, quem deve controlar o capital: para o liberal direitista o mercado (as corporações) regula o capita, para o socialista o estado deve controlar o capital.

Contudo, frente a ambas as ideologias, o que se estabelece é a acumulação do poder nas mãos de poucos.

A pergunta que proponho é: então qual a saída?

Para novas perguntas, são necessárias novas respostas. Os modelos propostos por liberais ou socialistas não conseguem responder aos anseios humanos a décadas. Isso ocorre, pois estão disputando o capital de forma ainda mais selvagem. Vide caso da Guerra da Síria[1].

Mas então, qual a proposta?

Primeiro é necessário deixar os ismos de lado. Uma nova alternativa não se constrói com paixão a ideias que já não conseguem suportar o espirito do mundo. Depois que conseguimos nos livrar das paixões ideológicas, é preciso mudar o nosso alvo. Lembra que até o momento o alvo é o capital. O nosso alvo precisa mudar para que tenhamos resultados diferentes.

Então, qual é o alvo que precisamos mirar? No meu ponto de vista, precisamos mirar em algo que seja comum a todos e que possa preservar indivíduos e coletividade. Respeito a talentos diferentes, religiões diferentes (inclusive a opção de não ter religião), gênero, necessidades diferentes, etc.

Minha proposta é que miremos na edificação e apoio de valores humanos, e que na educação e na vida prática consigamos colocar estes valores em ação. Esta não é uma proposição nova. Ikeda Sensei[2], Chiara Lubich[3], Papa Francisco, entre outros colocam a necessidade de mudança de foco na construção de uma sociedade em que sustentabilidade, generosidade, compaixão, benevolência, solidariedade deixem de ser apenas palavras e que penetrem fundo nos corações humanos a fim de que possamos nos livrar dos vícios que corrompem a sociedade a muito tempo.

Isso é possível, e temos experimentado algumas ações de sucesso nesse sentido:

Escola Soka: https://goo.gl/3w3B71

Economia Solidária: https://goo.gl/sDWD4U

A mudança começa de maneira individual, a partir de cada pessoa. Experimente isso na sua vida e faça uma sociedade e um estado diferente. Escrevi sobre uma composição de estado que começa tendo por base o indivíduo[4]. Precisamos começar esta mudança em grande escala para que os resultados que temos hoje possam ser revertidos de forma pacífica e sustentável.

Muito obrigado!

Bento Gonçalves, 4 de Dezembro de 2016.

[1] Mais sobre a guerra na Síria em: https://goo.gl/Ok1yqf

[2] Mais sobre Daisaku Ikeda (em inglês) em: https://goo.gl/cTBzg8

[3] Mais sobre Chiara Lubich em: https://goo.gl/7H0mzL

[4] CONCEITO DE RECONHECIMENTO EM HEGEL E HONNETH: DESAFIOS PARA A TRANSFORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE PÓS-TRADICIONAL, disponível em: https://goo.gl/IXwH2u